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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Comércio: Ilhota não "sumiu do mapa" após desastre


A vida começa a voltar ao normal pelo menos para alguns dos moradores da pequena Ilhota, onde, até esta manhã, eram registradas 37 mortes pela Defesa Civil após as enchentes e deslizamentos de terra em Santa Catarina. Quase todas as lojas já atendem clientes normalmente e inclusive já chegam a empregar alguns desabrigados.
Na principal rua da cidade, o comércio de lingeries e roupas de praia já funciona e o movimento tem sido satisfatório mesmo após a tragédia. Muitas das lojas precisaram remover todo o estoque quando o rio Itajaí Açu começou a subir. Quase duas semanas após a enchente, enquanto os abrigos permanecem com pessoas retiradas da região do morro do Baú, os lojistas esperam a chegada do verão e de turistas. A idéia do Poder Público e dos próprios empresários agora é mostrar que Ilhota não se transformou numa "cidade fantasma".
De acordo com a secretária de Indústria, Comércio e Turismo do município, Maria Terezinha Pereira, cerca de 30% da população da cidade trabalha nas indústrias de confecção de peças íntimas. Somente na avenida principal da cidade são cerca de 60 lojas de lingeries e biquínis. "Muitas pessoas que vêm de São Paulo comprar aqui chegaram a ligar para saber se Ilhota havia sumido do mapa", diz a secretária. "Estamos aqui, o comércio não foi atingido e precisamos de mão-de-obra para atender as mais de 100 indústrias têxteis da cidade".
Maria Terezinha diz que a preocupação com a queda nas vendas preocupa muito por se tratar do principal gerador de renda do município. Mas afirma que promoções e eventos devem auxiliar ao setor. "Vamos pensar em atividades para mostrar que Ilhota não é só destruição e que as pessoas podem procurar suas roupas de praia normalmente", garante. "O que nós precisamos também hoje é movimentar dinheiro dentro da cidade. Fazer com que as pessoas tenham poder de compra e o comércio não feche as portas".
O movimento nas lojas existe, apesar de toda a tragédia que se abalou sobre a cidade. Patrícia de Barros, moradora de Florianópolis que seguia viagem a Blumenau, aproveitou para comprar algumas peças quando passou por Ilhota e percebeu que o comércio estava aberto. "A imagem que temos é a de que não encontraríamos mais nada aqui", diz. "Me surpreendi e garanti meus biquínis".
Desabrigada trabalha como vendedoraOs próprios moradores do morro do Baú, que precisaram deixar as suas casas e permanecem nos abrigos que funcionam na região central, começam a ganhar as primeiras oportunidades do mercado de trabalho. A estudante Bárbara Marina Ullmann conseguiu um emprego como vendedora de uma loja de roupas de praia na última terça-feira. "Muito bom deixar o abrigo um pouco, vir trabalhar e conversar com as pessoas", diz a jovem, que precisou deixar a região do Braço do Baú por determinação do Exército. "Foi tudo muito horrível, mas tenho vontade de voltar a morar lá".
Na mesma loja em que Bárbara trabalha, outras duas jovens desalojadas também conseguiram uma vaga para vendedora. A secretária Maria Terezinha explicou que os empresários locais dedicam atenção especial aos moradores do Baú e que vários deles são empregados. "Isso é para mostrar que Ilhota não virou uma cidade fantasma", diz a cozinheira Mineia Aparecida Minuzzi, voluntária num dos abrigos da cidade. "Está sendo horrível, mas estamos aqui e vamos sair dessa", disse.
Fontes: Agências

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