Se os fios de cabelo que se juntam na pia ou no ralo do banheiro após a lavagem da cabeça fossem jogados no lixo ? e isso vale mais para as mulheres ? , a quantidade de entupimentos da rede de esgoto sanitário seria bem menor. Acumulados em alguns pontos, os cabelos formam uma rede que prende outros objetos que descem pela tubulação. Outro vilão que parece inofensivo é o fio dental. Fabricados com materiais cada vez mais resistentes, os fios dentais não se dissolvem e, se jogados na rede, acabam formando buchas que agregam outros materiais.Restos de comida, borra de café e óleo de cozinha também são problema. Deveriam ser jogados no cesto de lixo ou, no mínimo, ficar nas caixas de gordura construídas nos quintais, mas acabam indo para a rede, onde ajudam a formar a massa que causa os entupimentos. O óleo, além de ajudar a entupir a rede, é grande poluidor. Um só litro é responsável pela poluição de 1 milhão de litros de água e como os sistemas de tratamento de esgotos não são projetados para cuidar do óleo, ele volta aos rios. Ali, por ser mais leve, fica na superfície, impedindo a oxigenação das águas e causando a morte de microorganismos e peixes.Em uma grade no final da tubulação, na chegada à estação de tratamento, é comum encontrar absorventes, fraldas descartáveis, tubos de creme dental, tampas e frascos de xampu, lâminas de barbear, preservativos, pontas de cigarros, cotonetes, brinquedos, talheres, escovas e roupas íntimas. Mas também chegam coisas inusitadas, como dinheiro. "Há casos em que dá para saber quem se descuidou e deixou objeto cair no vaso sanitário", brinca o coordenador de redes, Wildeson Froeming, referindo-se a carteiras que chegam à estação de tratamento pela rede de esgoto, com os documentos do autor da façanha. E há também os casos chocantes: várias vezes os funcionários das estações de tratamento encontram fetos, resultado de abortos provocados ou involuntários.
Fonte: O Diário do Norte do Paraná
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