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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Projeto do padre de Paranaguá era equivocado desde o início, dizem especialistas


Especialistas afirmam que o projeto do padre Adelir de Carli, de 41 anos, foi planejado equivocadamente desde o início. De Carli está desaparecido desde domingo (20), quando decolou de Paranaguá, no litoral do estado, em um balão caseiro feito com cerca de mil bexigas cheias de gás hélio. Segundo Mauro Chemin, balonista há 15 anos, o tempo estava totalmente impróprio para uma decolagem mesmo com aeronaves motorizadas. “Ele decidiu fazer o vôo sem noção de condições climáticas”, disse Chemin ao telejornal Paraná TV 1ª edição. “Foi totalmente despreparado, uma coisa muito amadora”, definiu. Toda aventura tem um risco, de acordo com Chemin, que pode ser minimizado se há uma equipe técnica de suporte. “Ele também poderia ter decolado de Foz do Iguaçu, ou como fez da outra vez, do Centro do estado. A chance dele teria aumentado”. O meteorologista José Patriota, que é professor em uma escola de aviação, concorda que De Carli não tinha conhecimento sobre o que se propôs a fazer. “No momento que ele decolou havia uma área de mau tempo na região com ventos ciclônicos, que giram no sentido horário. Ele automaticamente seria arrastado para dentro do oceano”, afirmou. Pouco antes da decolagem, De Carli chegou a ser questionado sobre a decisão de levantar vôo com a chuva que caía sobre Paranaguá. “Vou subir acima dela. O que nos desgasta é a montagem do equipamento. Depois de dez minutos eu ultrapasso ela (a chuva), e depois vôo só em tempo bom”, declarou ao Paraná TV, na ocasião. “Isso seria verdade se as nuvens fossem formadas por camadas estreitas. Infelizmente ele pegou um momento em que as nuvens possuíam uma direção vertical significativa. Aí ele foi envolvido por um bloco de nuvens e arrastado para cima. Não era possível voar acima da chuva”, explicou Patriota. De acordo com o meteorologista, considerando que ele chegou a cerca de seis quilômetros de altitude, De Carli deve ter voado em temperatura média de -25°C. Além do padre não conseguir respirar direito, existia a possibilidade de formação de gelo nos balões. “Certamente, o acidente poderia ter sido evitado se ele tivesse tomado precauções”, concluiu Patriota. Marcos de Carli, irmão do padre, afirma que tudo foi feito dentro da lei e que o religioso tinha sim experiência de vôo. “Ele tinha cursos de vôo. Fez tudo dentro da lei. Não foi feito nada em cima da hora, foram quatro, cinco meses de planejamento”, afirmou Marcos, que acompanha as buscas em Santa Catarina.
GP

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